I Introdução
O presente manual busca subsidiar aqueles que desejam saber “como ministrar uma palestra a partir de
pesquisas científicas em desenvolvimento”. Esta sistematização de "know how" foi gerada no âmbito da disciplina Estágio Docência II conduzida pelo Professor Dr. André Porto Ancona Lopez no Dinter em Ciência da Informação UFES-UnB.
Deste modo o que se coloca a seguir é produto de reflexão sobre a
palestra realizada no dia 28/02/13 pelos professores Luzia Zorzal e Taiguara
Villela Aldabalde.
O que se apresenta é senão um produto de reflexão sobre a docência em si,
tendo em vista a possibilidade da replicação desta proposta.
II.1 O conhecimento não é objetivo
O conhecimento não é objetivo, mas subjetivo.
Logo o professor não modela o aluno como um objeto, mas
é tão somente o responsável em sistematizar o método contido nos processos de
interação/aprendizagem.
Para realizar esta sistematização o docente deve
entender os sujeitos pensantes/falantes. Ou seja, é preciso desenvolver
capacidades e habilidades no campo da linguística e buscar captar os conteúdos
motivacionais, ideológicos, bem como cognitivos.
II.2 Provocação do conhecimento
Se não é possível moldar o conhecimento como objeto, se torna viável
provocar algo no aluno que o faça entrar em contato com os próprios conteúdos
internos.
A maneira de despertar o aluno para o conhecimento dentro de si mesmo é
fazê-lo pensar criticamente e desenvolver o processo didático de
contextualizar, analisar, sintetizar e avaliar aquilo que está sendo colocado
pelo ministrante.
No caso do tipo de atividade pedagógica – palestra - diferente de uma
Mesa Redonda, por exemplo, onde haveria um moderador entre os pesquisadores (ou
experts, técnicos, especialista etc.) os próprios ministrantes são mediadores
entre seus conhecimentos refletidos nas pesquisas e os conhecimentos prévios
dos alunos. Desta forma é preciso planejar o ensino-interação garantindo os
seguintes itens:
III.1 Público-alvo
A partir do universo de pesquisa é preciso vincular os
conteúdos das pesquisas com os interesses dos estudantes.
As demandas dos alunos constituem suas solicitações, aquilo que estão
procurando, suas reais expectativas, aquilo que esperam encontrar e todos os
benefícios que esperam obter no aprendizado.
Em se tratando de uma pesquisa científica em
desenvolvimento seria interessante discutir os temas escolhidos entre alunos
que já tenham seu trabalho também em desenvolvimento como mestrandos e
doutorandos.
Ex.: Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em
Administração, da Ufes.
Disciplina de interface: Teoria das Organizações
Prof. da disciplina: Prof. Dr. Alfredo R. Leite de Almeida
III.2 Recortes dos temas
Os temas devem ser extraídos a partir das pesquisas em andamento,
interesses comuns dos pesquisadores e do alunado.
Para isto será necessário que os ministrantes tenham um conhecimento
mínimo sobre as pesquisas de seus co-ministrantes, seja por contato direto ou uma
descrição de conteúdos por indexação ou por palavras-chaves. Os educadores devem
localizar os pontos a serem abordados aos alunos da área afim ou de sua própria
área. Ex.: Disclosure Institucional e
Cultura da Transparência
III.3 Relações temáticas
Para fazer as relações temáticas é preciso mapear os conhecimentos que
envolvem as pesquisas, pois assim é permitido perceber a relação das pesquisas com
a área de conhecimento do público alvo. Em outras palavras, para ensinar por
meio de pesquisas em desenvolvimento cabe a verificação de seu direcionamento, e,
portanto, é imperativa uma prévia identificação da transdisciplinaridade entre
as áreas da pesquisa e a área do público.
Ex.: Duas pesquisas em Ciência da Informação. A primeira com base na
Contabilidade selecionou o tema “Disclosure
Institucional” e a segunda com foco em Mediação Arquivística selecionou o tema
“Cultura da Transparência”. Ambas foram
aplicadas no ensino do Mestrado em Administração.
III.4 Cronograma
É preciso planejar, a integração entre ministrantes, a instituição de
ensino e os alunos. Em suma, trata de que dias e horários se realizará a(s)
atividade(s), quais prazos para atender a agenda se constituirá: O que ensinar?
Onde ensinar? Quando ensinar?
III.5 Do Objetivo
§
Provocar a construção do conhecimento estimulando
a reflexão sobre as pesquisas e sua inter-relação;
§
Ex.: Considerando duas pesquisas em Ciência da
Informação, a primeira pesquisa possui como epicentro o estudo do Disclosure
das Instituições de Ensino Superior (IES) no tocante às informações econômicas,
financeiras, sociais, ambientais, tecnológicas e culturais. A segunda trata do
papel da instituição arquivística na mediação cultural entre os documentos e a
sociedade. A cultura da transparência foi derivada do que foi apresentado como
algo presente no cotidiano dos alunos.
§
Compartilhamento dos saberes por meio do blog e
disseminação da informação.
III.6 Método
Exposição compartilhada entre os
pesquisadores realizando interlocução com os conteúdos de suas respectivas
pesquisas e uma questão proposta aos alunos. Método Participativo que pode ser
alimentado na ferramenta tecnológica on-line – como um “blog”, por exemplo. Ex.:
Os doutorandos Luzia Zorzal e Taiguara Villela realizaram exposições e contaram
com a utilização de slides e papel impresso. O blog “pedagoarq.blogspot.com”
disponibiliza resultados e permite discussões.
IV Considerações Finais para Aplicação
Esta técnica
poderá ser utilizada em todas as disciplinas e em todos os cursos de
nível superior e de pós-graduação.
Oportuniza confrontar conhecimentos, difundir assuntos novos, ampliar ou
aprofundar conhecimentos.
Poderão ser convidados experts
para debaterem temas emergentes.
Quando realizada numa turma de um determinado curso, os alunos poderão
ser organizados em equipes (pequenos grupos) e ser solicitado que cada equipe
estude determinado assunto e preparam-se para uma discussão.
Esta discussão não se esgota em sala de aula,
pois o uso de tecnologias – como o blog – possibilita que a aplicação de
recursos eletrônicos e da rede mundial de computadores seja útil a atividades
educativas podendo ser utilizada continuamente.
V
Resultado da ação pedagógica
No início da exposição alguns dos participantes não conheciam o termo disclosure. Após a palestra pode-se
observar, por meio das respostas feitas por escrito na própria sala de aula, e
posteriormente disponibilizadas no blog: “pedagoarq.blogspot.com”
de que houve boa assimilação dos conteúdos, pois 100% (7 alunos do programa de
Mestrado em Administração, da Ufes) dos que participaram da atividade,
responderam a questão solicitada de forma satisfatória. Questão solicitada: “A partir da realidade de um órgão público,
responda o que você compreende por Disclosure
Institucional no que tange ao procedimento técnico e o que já poderia ser
realizado como prática cultural sem a coerção da lei?”
A seguir tabulação das respostas dos alunos com base na questão
solicitada:
Tabela 1 - Disclosure institucional
|
||
Compreensão do que é disclosure
|
Qtde
Mestrandos
|
%
|
Divulgação de
infomação
|
4
|
57.1
|
Acesso a
informação
|
1
|
14.3
|
Publicidade
de informação relevante
|
1
|
14.3
|
Transparência
e visibilidade
|
1
|
14.3
|
Total
|
7
|
100.0
|
Tabela 2 - Prática cultural
|
||
Prática cultural sem a coerção da Lei
|
Qtde
Mestrandos
|
%
|
Não fez
comentários
|
3
|
42.9
|
Incentivar a busca da informação
|
1
|
14.3
|
Auditar e
divulgar
|
1
|
14.3
|
Transparência de questões para o
público
|
1
|
14.3
|
Difundir a cultura da transparência
por meio do sistema educacional
|
1
|
14.3
|
Total
|
7
|
100.0
|
VI
Bibliografia
LOPEZ, André Porto Ancona et al. Blogs
como ferramenta de ensino aprendizagem de diplomática e tipologia documental:
uma estratégia didática para construção de conhecimento. Disponível em:< http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc/article/view/
10790/6098>. Acesso em: 5 mar. 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo: manual
de técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1980.
RODRIGUES
JÚNIOR, José Florêncio. Diretrizes para elaboração de um plano de ensino.
Brasília, Faculdade de Educação. Departamento de Métodos e Técnicas, 1991.