segunda-feira, 16 de julho de 2012

As 7 faces de Eureka: breve reflexão sobre a ciência



A partir da enumeração das principais características do conhecimento científico, esta reflexão procura apresentar um ponto de vista sobre o saber científico:

1.Objetivo: Sobre a objetividade do conhecimento científico, o mundo físico não pode ser tomado como inteiramente distinto ou separado de seu observador, deste modo a independência da física clássica deixou de ser a tese predominante no campo da ciência. Ou seja, o cientista é tão objetivo quanto os problemas de seu objeto, logo os problemas do objeto passaram a ser os problemas do cientista. A ciência trata-se de um empreendimento interativo entre o cientista e seu objeto;

2.Progressivo e acumulativo: a ciência não pretende ter o conhecimento absoluto e esgotado sobre nenhuma realidade. Há se lembrar os teoremas de Gödel sobre a impossibilidade da cognição absoluta. Contudo, descartar a possibilidade de um conhecimento final e afirmar o caráter hipotético de todo saber não significa, contudo, cair no extremo oposto de que nada é ou pode ser conhecido;

3.Racional, lógico e analítico: orientado por uma base teórica que é a própria referência para o caminho intelectual adotado e os pontos de partida de um cientista. Uma determinada tese, teorema ou trabalho científico só é aceito como válido pelos cientistas se passar pelo crivo da discussão acerca dos requisitos necessários e enquadramento dentro de determinado método, variáveis controladas, e demais formas de raciocínio lógico que conduzem a produção de conhecimento científico;

4.Comunicável, claro e preciso: dirigido aos pares cientistas no que tange a defesa de uma tese ou trabalho científico, de modo que estes pares entendam a terminologia em questão, mas ao mesmo tempo deve ser compreendido ao cidadão que procura a solução de um problema a partir do que é apresentado no texto científico. Esta tensão entre a terminologia e a abertura popular é um desafio ao se escrever em ciência.

5. Inteligível, Verificável e Empiricamente testável: este atributo é que faz da ciência um conhecimento irrestrito, e o diferencia de uma doutrina qualquer, pois tendo base empírica, determinado experimento pode ser testado e demonstrável a partir de suas bases materiais. O material a ser trabalhado não deve ser separado do entorno e do contexto, pois o processo da pesquisa e até mesmo a matéria possui caráter transitório. Nem a base empírica é estática e por isso nem o processo da cognição científica deve ser assim. Há de se pensar que a própria ciência e a base empírica determinada são socialmente produzidas. Mesmo quando parecem "fenômenos naturais", há de se pensar que até mesmo a qualidade de natural é socialmente construída;

6.Sistemático, metódico, dinâmico: a observação e a necessidade de conhecer uma ralidade empírica para se resolver uma problemática deve ser controlada intelectualmente, o que por sua vez leva a sistematização e a construção de uma metodologia que deve ser dinamicamente aplicada sempre com vistas a realidade. As problemáticas científicas são tão complexas que carecem de uma abordagem que entra no domínio científico. Esta dominação ou sistematização da realidade vai ao encontro da ideia de que os instrumentos de descrição, não apenas a linguagem, mas toda descrição é modeladora de fatos e que há uma cosmologia dentro da própria língua que guia a atividade mental do cientista. O método é um caminho de controle sobre a pesquisa científica, por isso sua face mais delicada e relevante.

7.Crítico, indagativo, questionador: o conhecimento científico não pode ser desencadeado sem uma pergunta, um problema, algo a ser problematizado através da razão.O ser humano usa a ciência para sobreviver ou viver melhor frente aos problemas dados em um determinado universo. A frase de Charles Handy pode resumir a ideia de ciência como empreendimento crítico: "É quando desaparece a certeza, que cada um de nós deve encontrar as suas próprias respostas"